terça-feira, 18 de outubro de 2011

Mamíferos Aquáticos da Amazônia



    Os mamíferos aquáticos da Amazônia sofrem diretamente a ação do homem, não só por ocuparem ambientes próximos as atividades e necessidades humanas, mas também por historicamente terem sido caçados e utilizados na alimentação (peixe-boi), para obtenção de peles como é o caso das lontras (ariranha e lontra) e da cultura e folclore da região (boto e tucuxi) que foram historicamente utilizados não só como atrativos e na medicina popular, mas também mais recentemente, utilizados como isca para captura de peixe-liso.




Peixe-boi


ampa 40peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) é o menor dos peixes-bois existentes no mundo. Alcança 2,8 a 3,0 m de comprimento e pode pesar até 450 kg. Seu couro cinza escuro é extremante grosso e resistente.

ampa 20A maioria dos indivíduos tem uma mancha branca na região ventral. Esta característica, juntamente com a ausência de unhas nas nadadeiras peitorais, ajuda a distingui-lo do peixe-boi marinho e do africano.
Essa espécie é também, a única que ocorre exclusivamente em água doce, podendo ser encontrada em todos os rios da bacia Amazônica. Alimenta-se essencialmente de plantas aquáticas e semi-aquáticas, e chega a consumir mais de 8% do seu peso corporal em alimento por dia.
Seu metabolismo é de apenas 36% daquele previsto para um mamífero placentário do mesmo porte. Isto o permite permanecer mais de 20 minutos em baixo da água, sem respirar. A fêmea de peixe-boi produz em geral, apenas um filhote a cada gestação e este filhote pode mamar por mais de dois anos.
ampa 238No passado, os peixes-bois foram muito caçados pela sua carne e couro. Hoje a caça, embora ilegal, é ainda feita principalmente pelas populações ribeirinhas, para o consumo da carne. Além da caça, as principais ameaças ao peixe-boi são a destruição e a degradação do habitat, incluindo a liberação de mercúrio e agrotóxicos nos rios.
Represas hidrelétricas atuam como barreiras e isolam populações, limitando a variabilidade genética da espécie. Frequentemente filhotes são acidentalmente capturados em redes de pesca e alguns resgatados pelo IBAMA e órgãos ambientais.






Boto Vermelho

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Boto-Vermelho (Inia geoffrensis) é o maior dos golfinhos de água doce do mundo. Os machos podem atingir até 2,5 m de comprimento e pesar 180 kg. As fêmeas atingem mais de 2,10 m e 100 kg de peso. Os filhotes nascem cinza, e tornam-se rosados com a idade. Machos adultos são mais rosados do que as fêmeas devido ao maior porte e pela intensa abrasão na pele causada por brigas intraespecificas. As nadadeiras peitorais são grandes e largas, e a nadadeira dorsal é longa e baixa.
O boto-vermelho é encontrado em todos os tipos de rios (água preta, branca e clara), nas bacias dos rios Amazonas, Orinoco e Beni/Mamoré. Alimenta-se principalmente de peixes e são geralmente solitários.



A principal causa de mortalidade é a captura acidental nas redes de pesca. Mortes intencionais por pescadores acontecem eventualmente devido ao comportamento da espécie em retirar peixes das redes, causando estragos aos petrechos de pesca.

boto vermelho


Outra importante ameaça atualmente é a captura direta do boto-vermelho para uso como isca na pesca da piracatinga (Callophysus macropterus). Essa atividade ilegal tem reduzido drasticamente as populações de botos ao longo da calha do Solimões e Japurá. Informações dessa matança em outras áreas da Amazônia brasileira já foram registradas, mas ainda não quantificadas.
A destruição e alteração do ambiente pelo aumento das populações humanas, a contaminação dos rios por agro-tóxicos e o uso de mercúrio nos garimpos para extração do ouro, também ameaçam este golfinho.
Barragens e represas nos rios não somente reduzem a abundância e diversidade dos peixes que servem de alimento aos botos, como também isolam populações, ameaçando o fluxo genético da espécie.


Lontra


A Lontra Neotropical (Lontra longicaudis), ou lontrinha, como também é conhecida, pesa em geral menos que 12 kg e mede entre 0,9 e 1,4 m. O pêlo, com duas camadas, é marrom escuro com a região ventral mais clara.

O focinho é desprovido de pêlos em sua extremidade, e apresenta vibrissas longas e finas que ajudam na detecção do alimento. A cauda termina em ponta e é levemente achatada dorso-ventralmente, e as patas apresentam membrana interdigital.



Esta espécie é encontrada em toda a América Central e do Sul, desde o sul do México até a Argentina, com exceção do Chile. Habitam praticamente todos os ambientes aquáticos, desde igarapés, rios, lagos, pântanos, canais de irrigação, banhados e litorais marinhos associados com lagunas de água doce.

A dieta é bem mais variada que a da ariranha, consumindo principalmente peixes, caranguejos e camarões. Consomem também outros crustáceos, anfíbios e ocasionalmente aves aquáticas e pequenos roedores. É um animal silencioso e tímido em seus hábitos e, portanto difícil de ser observado em ambiente natural.

A lontra, aparentemente, não forma casais estáveis e acredita-se que seja um animal solitário. Muito pouco se conhece sobre a reprodução desta espécie, porém, ninhadas de dois filhotes parecem ser comuns. Como a ariranha, a lontra também foi intensamente caçada no passado.

A extensão atual da caça ilegal é difícil de ser estimada, mas sabe-se que sua caça ainda persiste. Os desmatamentos, a alteração dos cursos d’água para irrigação e controle de inundações, e o aumento das populações humanas em áreas anteriormente desocupadas, também ameaçam as lontras.

A contaminação das águas por mercúrio, pesticidas e outros poluentes são também ameaças adicionais a esta espécie. A escassez de informações sobre a biologia e ecologia da lontrinha fez com que este animal fosse considerado como uma espécie insuficientemente conhecida pela UICN (2000).

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