terça-feira, 18 de outubro de 2011

Mamíferos Aquáticos Introdução/Resgate



Mamíferos Aquáticos Introdução

Existem no Brasil, oficialmente, 55 espécies de mamíferos aquáticos, sendo que nove delas estão sob ameaça de extinção, como é o caso do simpático Peixe-Boi-Marinho, cuja população no País não ultrapassa os 500 exemplares.

Ocorrem no Brasil, de acordo com o Plano de Ação Mamíferos Aquáticos do Brasil (2001), 50 espécies de mamíferos aquáticos, sendo que 11 delas estão sob algum grau de ameaça de extinção,






RESGATE DE MAMÍFEROS AQUÁTICOS

As populações de mamíferos aquáticos vêm sofrendo pressões antrópicas como: degradação ambiental, aumento das embarcações pesqueiras, captura e morte incidental em redes de emalhe, captura intencional, diminuição do estoque pesqueiro, atividades sísmicas para a prospecção de petróleo, entre outras. Essas pressões refletem na ameaça de extinção próxima ou futura de muitas espécies.

O resgate de mamíferos aquáticos encalhados é uma importante fonte de informação para pesquisas e conservação das espécies, por meio da reabilitação de animais ou da recuperação de carcaças.

O objetivo geral do RESGATE DE MAMÍFEROS AQUÁTICOS é contribuir com a conservação de mamíferos aquáticos por meio do monitoramento da ocorrência de encalhes de mamíferos aquáticos no litoral leste do estado do Maranhão. Os objetivos específicos são:

* Verificar as principais espécies de mamíferos aquáticos de ocorrência em encalhes nas diferentes regiões
* Obter dados biológicos, morfométricos e médicos sobre os mamíferos aquáticos de ocorrência na região
* Relacionar as prováveis causas de encalhe e mortalidade de mamíferos aquáticos na região
* Realizar a coleta de material biológico para a formação de um banco de dados e futuras pesquisas
* Implantar uma coleção osteológica local
* Observar a interação da pesca com o encalhe de mamíferos aquáticos
* Subsidiar a criação de Unidades de Conservação relacionadas à conservação de mamíferos aquáticos no litoral leste do estado
* Conscientizar a comunidade local e os pescadores das ameaças aos mamíferos aquáticos e ao meio ambiente
* Dar maior visibilidade às atividades do CMA/MA.

Os moradores de comunidades litorâneas são incentivados a avisarem quando encontrarem mamíferos aquáticos (baleias, golfinhos, peixes-boi) encalhados vivos ou mortos, através das campanhas “Encalhou?!” e “Não Mate”.

Quando o CMA/MA recebe a chamada, a equipe prepara todo o material necessário e vai atrás do animal, de carro ou de barco. Se o animal estiver vivo, procede com o exame clínico, tratamento de possíveis enfermidades e devolução ao mar. Raramente o animal é levado para cativeiro, somente quando extremamente necessário. Quando o animal está morto realiza-se a coleta de material biológico (para futuras pesquisas) e o enterro do animal (medida necessária para evitar contaminação da água e das praias e a transmissão de doenças para seres humanos). A carcaça é macerada (processo de decomposição) para a preparação dos ossos, que são armazenados e utilizados em pesquisas científicas (genética, identificação de espécies, entre outras).

A partir de 1994 começou a ser realizado o atendimento de encalhes de peixes-boi marinhos (Trichechus manatus) no estado do Maranhão. Em 1996 foi registrado um encalhe de um filhote de peixe-boi vivo próximo ao bairro da Ilhinha, em São Luís, o qual foi encaminhado para a Base do Centro Mamíferos Aquáticos (CMA) para a reabilitação e posterior reintrodução (Boi Voador reintroduzido em 2004 em Alagoas). Em 2001 se tornou possível a implantação de uma unidade executora do CMA no estado do Maranhão (CMA/MA), que manteve o enfoque do trabalho concentrado na conservação do peixe-boi marinho, com a realização de campanhas informativas junto às comunidades litorâneas e observação de peixes-boi em vida livre por meio de pontos fixos.

Alguns encalhes foram registrados e atendidos, como o de uma cachalote (Physeter macrocephalus) no município de Barreirinhas em 2005. A principal limitação era a indisponibilidade de uma equipe técnica para atendimento de encalhes. No referido encalhe da cachalote foi necessária a presença de uma equipe do estado do Piauí. No mesmo ano, foi realizada, no Laboratório de Anatomopatologia da UEMA, uma necropsia de um filhote de peixe-boi encontrado em Guarapiranga, São José de Ribamar.

Somente no primeiro semestre de 2005, foram obtidas informações sobre oito peixes-boi encalhados mortos. No ano seguinte começou a ser realizado o resgate sistemático de carcaças de mamíferos aquáticos. No período de janeiro a outubro de 2006, o CMA resgatou onze carcaças provenientes de encalhes no litoral leste do Maranhão, sendo uma cachalote, dois botos-cinzas (Sotalia guianensis), um peixe-boi marinho e sete cetáceos não identificados. A maioria dos animais resgatados apresentava algum tipo de interação com atividades humanas, como marcas de rede, perfuração com arpão, corte e retirada de órgãos e tecidos, além de coleta de dentes. No ano de 2007, houve cinco relatos de encalhes de mamíferos aquáticos, sendo que três foram atendidos: um de peixe-boi marinho não encontrado, uma cachalote viva e uma carcaça de boto-cinza.

No estado do Maranhão a caça de mamíferos aquáticos ainda é praticada, seja para alimentação ou para fabricação de iscas. Em agosto de 2007 foi registrada uma morte intencional de peixe-boi, seguida de distribuição da carne entre pescadores no município de Raposa. Tendo-se em vista que o Maranhão possui cerca de 640 km lineares de costa, dificultando a vistoria permanente de encalhes, busca-se informações das comunidades litorâneas. Para tanto é necessário informar e conscientizar a população sobre a importância da conservação de espécies de mamíferos aquáticos.

No dia 1º de julho de 2007, às 8h30min da manhã, foi recebida uma ligação avisando sobre o encalhe de uma baleia viva, na praia de Panaquatira, no município de São José de Ribamar/MA. O animal estava encalhado na praia desde a madrugada, após a maré começar a baixar. Pescadores, moradores e turistas tentaram devolvê-lo ao mar sem sucesso, pois o animal voltava a encalhar. A equipe percorreu a área a fim de encontrar o animal. Um grupo de aproximadamente 15 pessoas acompanhava e deslocava o animal dentro do mar a aproximadamente 300 metros da costa. A maré estava vazando e o animal foi levado pelo grupo em direção oposta à costa. O animal tratava-se de uma cachalote (Physeter macrocephalus) filhote, de sexo feminino, com 3,78 m e peso estimado de uma tonelada.

Foi realizada a cobertura do animal com lona e o respiradouro foi mantido para fora da água. Apesar disso, não se descarta a possibilidade de aspiração de água e, conseqüente, pneumonia secundária. A área foi recuada e os curiosos, crianças e animais não tiveram permissão de observar ou tocar o animal. O Corpo de Bombeiros e a Marinha foram acionados e se mostraram atenciosos à causa de resgatar do animal. Um grupo de estudantes do Projeto Mamíferos Marinhos (PROMAR) também acompanhou o procedimento. A área adjacente de maior profundidade foi percorrida de barco a fim de encontrar o grupo ou a mãe do filhote, sem sucesso. O barco da Marinha rebocou, por meio de uma corda, o filhote para uma área de maior profundidade, onde foi liberado. O animal nadou em alta velocidade para longe da costa, sendo monitorado até as 16h

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